O filme que assistimos...

Você encontrará neste espaço comentários e analises de filmes de todas as épocas. Uma excelente oportunidade para aprender além do cinema.

Patricio Miguel Trujillo Ortega


29 de janeiro de 2012

The Whistleblower - A Informante

The Whistleblower (A Informante), 2010, Drama, 111 minutos. Alemanha – Canada.

Com: Rachel Weisz, David Strathairn, Monica Bellucci, Vanessa Redgrave

Direção: Larysa Kondracki.

A Informante é um filme que choca por seu tema, porque coloca em xeque a credibilidade de instituições que, teoricamente, ainda existem para ajudar a humanidade.

Até que ponto as instituições mundialmente conhecidas são realmente o que elas dizem ser?

Até que ponto estas instituições se preocupam mesmo pela dignidade das pessoas ou não passam de uma peça da máquina do poder que visa o domínio e o lucro passando por cima do sofrimento humano?

Quando a guerra dos anos 1990 destruiu a Iugoslávia, as tropas da ONU, formadas por soldados e policias de muitos países, foram como uma força de paz para tentar reconstruir e organizar um país dividido e, portanto, ajudar os sobreviventes da carnificina a construírem a sua nação.

Mas, esta força “humanitária-militar-econômica” fez isso mesmo de uma forma desinteressada?
Kathy Bolkovac
A Informante é um filme que choca porque narra uma parte negra dessa história na que os protagonistas são justamente os que teriam que ter ajudado a população. É a história de um episódio que, ainda que foi denunciado na época, não teve a punição que deveria ter tido, talvez porque o poder econômico é mais importante que a dignidade humana?

A Informante é um filme que nos grita: não devemos esquecer a hipocrisia das grandes instituições, como a ONU e de algumas das empresas terceirizadas por este organismo que preferiram ignorar que alguns dos seus funcionários trabalhavam e se beneficiavam com a prostituição e a escravidão de mulheres brancas que saiam dos países da Europa Oriental, devastada moral e economicamente com o fim do sonho soviético, e que caíram na mão de homens inescrupulosos que tiveram o apóio - cumplicidade - silenciosa, não oficial, destas instituições.
Kathy Bolkovac: uma policial dedicada ao seu trabalho
A Informante é baseada na história da policial Kathy Bolkovac, interpretada por Rachel Weisz. Ela é uma mulher que vive em Nebraska (USA) e é dedicada totalmente a seu trabalho. Teve dois matrimônios fracassados e no último perdeu a guarda da sua filha. 

Kathy e sua filha
Porém, como é uma boa policial, acaba aceitando a sugestão de sue chefe e se inscreve para participar das tropas da ONU que estão em Bósnia-Herzegovina. A sua motivação é o salário de 100.000 dólares: dinheiro que ela acredita será de muita utilidade para poder estar, no futuro, perto da sua filha, mais ainda porque seu ex-marido foi morar em outro estado.

Kathy Bolkovac, além de ser uma policial dedicada ao serviço, é competente e, principalmente, honesta. Ela acredita no trabalho que estão fazendo na antiga Iugoslávia e fica chocada com a apatia, o racismo, o desprezo que vê ao seu redor; mas, como ela é eficiente, logo é promovida e seu trabalho é tentar salvar as mulheres jovens que saíram de seus paises com as falsas promessas de uma vida melhor e que trabalham como prostitutas em prostíbulos disfarçados de bares, com a cumplicidade da polícia local e de muitos soldados da força de paz da ONU, que são os principais clientes e exploradores destas jovens que vivem na imundície, amontoadas em quartos, sem poder saírem para nenhum lugar, iludidas, porque acreditam que ainda poderão ser livres quando terminarem de pagar as “dívidas” que elas têm com os donos dos bares que as violentam e as assassinam se não fizerem as coisas como eles querem.
Kathy Bolkovac tenta encontrar uma forma de ajudar as jovens garotas
Kathy Bolkovac descobre esta situação e se esforça desesperadamente em salvar estas jovens; mas, a burocracia e apatia de altos funcionários, além da corrupção dos soldados de diferentes nacionalidades que ganham com o negócio, não permitem que seu trabalho tenha sucesso. Muitos soldados que estão no país para ajudar na sua organização mostram que o mais importante para eles é a vida deles. Mais nada!

A Informante prende ao espectador com seu roteiro que está bem elaborado e que acontece em quatro lugares: Ucrânia, Nebrasca, Bósnia e Londres.

Nos primeiros minutos, o filme nos mostra uma das garotas que posteriormente a policial Bolkovac tentará desesperadamente salvar a sua vida. Raya e uma amiga dela vivem na Ucrânia e estão em uma festa. Raya é convidada por sua amiga para ter uma aventura - não é dita qual é-, mas ela, temerosa, não aceita. O problema é que ao chegar a sua casa, a sua mãe reage verbalmente com violência, até o ponto que Raya vai embora e, pelo que se entende, nunca mais voltará. Esta cena é rápida e logo vemos a Raya tirando uma foto para seu passaporte.
Raya e seu destino final
Imediatamente conhecemos a policial Kathy Bolkovac em Nebraska, Estados Unidos. Rapidamente sabemos da sua tentativa falida de ser transferida, da sua situação com seu ex-esposo e com a sua filha e o convite para integrar as forças da paz da ONU. Os diálogos são rápidos; não há muitos detalhes da vida pessoal da policial e logo em seguida ela já está na Bósnia fazendo seu trabalho.

A maior parte do filme transcorre na Bósnia. As cenas são rápidas e vai apresentando o esforço que a policial faz para solucionar os problemas do país. Depois, quando descobre o negócio da prostituição-escravidão, Kathy Bolkovac tenta ajudar as jovens, protegendo-as, mas se encontra com uma burocracia que só dificulta seu trabalho e coloca em risco a vida das mulheres. Os diálogos são diretos e não perde tempo com diálogos cansativos. O filme é ágil; a seqüência de um lugar para outro é muito rápida. Mas, apesar de ser um filme rápido, as cenas de ação são limitadas porque parece que o seu objetivo é aprofundar na problemática e não no sensacionalismo e superficialismo que o tema poderia propor.

As cenas mais fortes do filme são as que mostram a situação das jovens mulheres que estão presas em quartos onde não tem nenhuma condição digna de vida. A violência com que são tratadas pelos seus carcerários. Parte da história é contada através de fotos. Quando a policial entra num destes bares, encontra muitas fotos coladas em uma parede. Estas fotos contam a história das jovens e seus sofrimentos. Em algumas delas se vê soldados da força da paz da ONU abusando sexualmente das garotas, que chegam incluso a serem “vendidas” por uma noite por uma boa oferta. Há uma cena na que o “dono” das garotas disse para um homem que vai sair com três garotas que só devolverá a “garantia” se as garotas voltarem vivas.
Uma das tantas iludidas, enganadas... e sem esperança
A violência física contra estas moças aparece no filme, mas de uma forma tímida. Não há interesse em mostrar gratuitamente o que acontece com elas. A cena mais forte neste sentido é quando Raya, a jovem do começo do filme, logo depois de ter sido ajudada pela policial, é capturada novamente numa emboscada enquanto tentavam salvar a garota. Como uma forma de puni-la e que sirva de exemplo para qualquer outra das moças que pense em fazer o mesmo, ela é deitada de boca para baixo e violentada com um cano. A cena mostra os gritos da menina, seu rosto de sofrimento e, numa fração de segundo, uma das pontas do cano, manchada de sangue.

Outra cena impressionante é quando Kathy Bolkovac chora de sofrimento por Raya e pela impossibilidade de ajudar a garota. O choro não é para comover o público: é o choro da impotência, de saber que uma palavra pode pôde fazer a diferença entre viver ou morrer.
Viver ou morrer
A jovem Raya pode sair da sua “prisão”, mas para isso ela tem que dizer que quer ir embora; do contrário, ninguém pode tirá-la de onde está. (o absurdo da burocracia onde os “papéis” e certas fórmulas são mais importantes que a dignidade humana).

O problema é que Raya tem medo, assim como todas as outras jovens, pois elas reconhecem nos policias e nos soldados que estão atrás de Kathy Bolkovac, teoricamente para ajudá-la, os homens que abusam delas. Kathy se desespera e pede para que ela não mire aos soldados e aceite o que ela está oferecendo. Mas o medo é muito mais forte e ela será punida como escarmento para que nenhuma outra mulher tente escapar.

Os choros da mãe, na Ucrânia, não vão trazer a sua filha de volta. E mais ainda quando descobre que o marido da sua irmã ajudou na participação desse tráfico de gente.
Kathy Bolkovac expulsa da força da ONU: punição por querer ajudar
No final, Kathy terá que agir escondida para tentar denunciar na Inglaterra o que acontece na Bósnia, já que as autoridades locais e internacionais decidiram que todas as investigações dela teriam que ser canceladas. Bolkovac não aceita a decisão dos seus superiores e decide continuar fazendo seu trabalho, até que é demitida por tentar salvar as garotas e que sejam punidos os culpados.

Então ela toma a decisão de levar os documentos para Inglaterra e apresentá-los na televisão. Tem a esperança de que se faça justiça. As cenas da televisão são rápidas. Mostra partes das entrevistas que fizeram tanto com ela quanto com os seus chefes da organização. Esta cena rápida na televisão de não entrar em detalhes tem sentido pelo que é dito no final do filme, quando sabemos que os soldados e funcionários que participaram do esquema, voltaram para seus respectivos países, onde nenhum deles foi detido.
Até que ponto as instituições são o que elas dizem ser?
Além disso, o filme denuncia que a empresa terceirizada pela ONU para resolver os problemas na Bósnia e que sabia do que acontecia com as jovens escravizadas e prostituídas por alguns dos seus próprios funcionários –pois os soldados eram pagos por esta instituição- continuou trabalhando para o governo dos Estados Unidos e esteve presente no Afeganistão. Também chegamos a conhecer que a policial Kathy Bolkovac nunca mais conseguiu um trabalho a nível internacional – a punição, com certeza, pelo que ela fez.

A Informante é um filme forte, chocante, mas é sensível e deve ser visto. Participou no 22º edição do Festival de Cinema do Human Rights Watch e a sua estréia foi no Festival Internacional de Cine de Toronto de 2010.

Últimas palavras para falar da excelente atuação de Rachel Weisz, sem esquecer-se da pouca, mas ótima presença de Vanessas Redgrave, que fazem a diferencia em qualquer filme.

Texto original de Patricio Miguel Trujillo Ortega.

Está proibida a reprodução total ou parcial do texto em qualquer meio sem a autorização escrita do autor.

19 de janeiro de 2012

Un Titán en el Ring

Un Titán en el Ring, Drama, 2002, 111 minutos. Ecuador.

Con: Toty Rodríguez, Norert Stimpfig, Temlo Herrera, Pablo Aníval Bela

Dirección: Viviana Cordero

¿Cómo es la vida de tantos seres anónimos que luchan todos los días para vivir dignamente?

¿Cómo se enfrentan las personas con ellas mismas y con los demás?
¿Cómo es la vida de gente que tiene, tal vez como única aspiración, no ser igual a sus padres y su único sueño es salir de donde vive y nunca más volver?

¿Cómo se vive en medio de las propias frustraciones y desengaños?

¿A qué se puede aspirar si se vive en un lugar perdido en medio de la nada?

Estas son algunas de las interrogantes que nos deja la película Un Titán en el Ring, una película sensible que ahonda lo más profundo del ser humano. Pero estas interrogantes no tienen respuesta porque la vida de cada de ser humano es compleja y la búsqueda por la felicidad no tiene límites: todos, de una u otra forma, buscan lo mismo; sin embargo, en medio del camino otros caminos se cruzan y el destino de cada es incierto.

La historia de Un Titán en el Ring parte de una idea muy interesante: en un pueblo ficticio (¿hasta qué punto lo es?), San Ramón de Mulaló, muy pequeño, pobre, en medio de los Andes ecuatorianos, en el que la mayoría de la población es india y mestiza, hay una carpa –con aires de circo- donde se presentan todas las semanas combates de Cachascán.

A este lugar van los habitantes del pueblo a ver las peleas de los luchadores que despiertan la fantasía de niños y adultos; luchadores que viven en el mismo pueblo pero, cuando están en el ring, son los ídolos y algunos sueñan en ser como ellos; ahí también se reúnen los dueños de las haciendas locales para hacer las apuestas con Don Sata, el dueño del local.

Sin embargo, este lugar de fantasía es donde se unen la soledad, la tristeza, las ilusiones, las frustraciones de los habitantes del pueblo y, la forma de conocerlos, es a través de la vida de los once protagonistas de la película; porque de esto trata Un Titán en el Ring: un momento en la vida de algunas personas que se entrecruzan sin saber cuáles son las consecuencias de cada uno de sus actos cotidianos y adónde ellos pueden llegar.

Zoila Chihuano es una mujer fría, dura y egoísta. Tiene una hija pequeña, pero parece que no le importa el destino de su hija y no duda en llevar a sus amantes –y clientes- a su habitación y tener relaciones sexuales con ellos mientras su hija está al lado de la habitación, escuchando todo. Además de prostituirse, trabaja como empleada en una de las haciendas del lugar y está asociada con Don Sata, con quien planifica robos y la venta de los productos hurtados. Zoila es una mujer que solo piensa en sí y, fundamentalmente, cree que es libre y es lo que quiere ser. La película empieza mostrándonos a Zoila herida en su casa –por la imagen parece que ella misma se provocó un aborto- y, aunque las mujeres del pueblo la socorren, muchas muestran su desprecio hacia ella.
Carolina:"Yo no quiero ser linda porque las lindas acaban como mi mamá"
Carolina es la hija de Zoila. Es una niña pequeña, introvertida, con la tristeza estampada en su rostro y pasa la mayor parte del tiempo en silencio. En la escuela es incapaz de defenderse de las acusaciones falsas de algún compañero que le acusa frente a la profesora de que está copiando y no sabe reaccionar frente a las actitudes duras y crueles de la profesora. Su rostro es de profunda amargura y soledad. Cuando ella va a la entrada de la iglesia y se pone a llorar porque su madre se está muriendo, le dice al cura que no quiere quedarse sola. Sin embargo, la frase que retrata lo que ella siente de la vida, es cuando le dice al cura del pueblo: “Yo no quiero ser linda porque las lindas acaban como mi mamá”.

Pero Carolina tiene un amigo, Martín. Es un niño que por exigencias de su padre, va a dejar de estudiar y de ayudar al cura en las misas para empezar a trabajar en la hacienda. Martín se identifica plenamente con el cachascán y el Argonauta es su ídolo. No sabe cómo vivir y su amistad con el cura del pueblo es profunda y le ayuda a mantener vivos sus sueños. Y uno de sus sueños es poder irse a Europa en un barbo bananero, a semejanza de la historia que les contó en la escuela el sacerdote cuando les dijo a los niños que había llegado a América en un barco bananero. Martín sabe que la vida le es difícil y no quiere desistir a pesar de todos los problemas que le rodean, después de todo  “la lucha nunca termina”, como le dice el cura a Martín.

El padre y la madre de Martín viven también sus dramas. El padre es un hombre borracho; pasa todo el tiempo libre en la cantina bebiendo y le grita y le insulta a su esposa cuando ésta le reclama porque gasta el dinero de la familia. Él tiene una pésima relación con su hijo mayor y no le importa nada de lo que éste haga. Es más, quiere que desaparezca de su vista. Es un hombre ignorante, machista y violento.

Los padres de Martín y Carlos
La madre de Martín es una mujer sumisa y aunque trata de hacerle entrar en razón a su esposo no lo consigue. Su principal preocupación es el destino de su hijo mayor, Carlos, que trabaja para Don Santa como ladrón. Es un muchacho sin escrúpulos, frustrado, con el sueño de irse de una vez para siempre de su país, pero incapaz de salir de su mundo de robo, de tráfico y de los brazos de su amante: Zoila Chihuano. Carlos es impotente para andar en la vida solo y sus decisiones le llevan al dolor extremo y, cuando esto sucede, no le sirve de nada llorar y arrepentirse.

La directora de la escuela del pueblo, la profesora Norma, es una mujer amargada, frustrada y prejuiciosa. Llegó al pueblo hace muchos años huyendo de sus problemas personales que nunca los superó. Es dura y cruel con los alumnos; crítica con respecto al trabajo que desarrolla el cura del pueblo y se cree en el derecho de juzgar a los otros. La directora va camino al alcoholismo y cuando está sola en su casa, llora y se desespera al verse vieja y sin nadie que le haga compañía. Norma, entre sus lamentos, le cuenta al cura que un día fue una mujer muy bella de joven y narra con nostalgia el gran piropo de su juventud, cuando le dijeron que se parecía a la actriz italiana Gina Lollobrigida.
La directora de la escuela: "ya fui bella"
Don Sata, el dueño del espectáculo del cachascán, se caracteriza principalmente por las expresiones coloquiales que usa todo el tiempo cuando habla con las personas, como éstas: “Ni te atolondres, Londres”, “Ni te desesperes, Pérez”, “Ni te precipites, Pites”. Don Sata es un hombre al que no le importa la gente y busca una tajada en cada una de las cosas que hace.

La Bestia Loca es uno de los luchadores más populares del pueblo, pero al mismo tiempo el menos querido, por sus actitudes violentas contra la gente. Vocifera e insulta a los cuatros vientos. Vive solo y su única compañía es una llama. Para La Bestia Loca, el cachascán es sagrado. No hay nada más importante en la vida; sin embargo, a pesar de que se presenta de una forma agresiva, intenta, con testarudez, ser amigo del cura del pueblo y ayudarlo en lo que éste quiere hacer; pero, claro, a su modo. La Bestia Loca busca desesperadamente la amistad, aunque no sabe cómo lograrlo y su forma de actuar frente a la gente no es más que una máscara para esconder sus miedos. La Bestia Loca decidió ayudar al cura en su campaña por la planificación familiar, pero lo hace cómo él quiere y no escucha las sugerencias del cura y no acepta que sus acciones pueden traer consecuencias negativas. La Bestia Loca cree que la planificación familiar se la logrará enseñando a la gente a usar el condón para sus relacione sexuales y en medio de la plaza, les enseña a los campesinos pobres, ignorantes, temerosos y machistas, a cómo usar un condón. No se da cuenta que los hombres del pueblo piensan que con el condón les están queriendo quitar la única dignidad que les resta en la vida.
La Bestia Loca
A pesar de la riqueza de los personajes mencionados anteriormente, la figura principal de la película es el cura del pueblo. David es un hombre joven, extranjero (alemán) que intenta ayudar a la gente en todo lo que cree necesario. Se esfuerza por entender la mentalidad de las personas y trata de acabar con los prejuicios; no obstante, su mayor problema es que está en una búsqueda constante de sí mismo y no consigue encontrarse. Su superior le dice: “deje de cuestionar tanto a la vida. Las cosas son como son”. No obstante, David no escucha este consejo: su búsqueda es muy grande. Él es un individuo fuerte, pero al mismo tiempo, suave y cariñoso con todos. Pero tiene su lado oculto: se transforma, sin que nadie sepa, en el luchador Argonauta, que después de derrotarle por primera a La Bestia Loca, será el nuevo ídolo de la gente y cambiará para siempre el destino del pueblo.

Y el último personaje de esta película, es el borracho del pueblo. Es un personaje interesante que parece que simplemente es feliz. Este hombre pasa los fines de semana sentado en la plaza, bebiendo y escuchando los partidos de fútbol en su radio. Nunca dice nada y su rostro es sereno. Este personaje contrasta con la lucha conflictiva de los demás.
El Argonauta
La película es rápida en el cambio de escenas. Va de un lugar a otra velozmente con la cámara buscando a la gente. Usa muchos primeros planos para mostrar a los personajes y escenas generales para caracterizar el lugar de la historia donde los once personajes se entrecruzan pidiéndole a la vida desesperadamente algo más.
David y Martín
Un Titán en el Ring es una película que muestra lo complejo que puede ser la vida para mucha gente o, como dice la Bestia Loca: lo misterioso que es la vida.

A pesar de lo dicho anteriormente, Un Titán en el Ring tiene algunos defectos que no le permite ser una gran película, como podría haber sido. Empecemos hablando del sonido: hay algunos momentos en los que no se entiende lo que hablan los personajes, como por ejemplo, cuando las mujeres le socorren a Zoila. Hablan todas al mismo tiempo y es difícil comprender lo que sucede.

Otro punto que le debilita a la película, es el cambio de la profesora Norma. Mientras los otros personajes evolucionan coherentemente con sus decisiones y su historia, esta mujer que se entrega a la amargura y al rencor, al final encuentra una forma de “resucitar” y de darse una segunda chance en la vida. Solo que este cambio de la profesora nos parece que es demasiado forzado; es como si se hubiera quedar dar, por lo menos, un final feliz a la película.

Carlos y Don Sata
Finalmente, una escena que rompe el mundo de Un Titán en el Ring es cuando Don Sata y Zoila huyen con los productos robados. La escena es rápida y por primera vez aparece la policía que, después de capturarlos, comentan en una frase lo que ellos pueden ganar con los productos robados.

Durante toda la película, las autoridades policíacas estuvieron ausentes, pues la historia está centralizada en el drama humano de encontrar un sentido para la vida y, de repente, como que se quiso darle un pequeño contenido social sobre la corrupción de las autoridades, algo innecesario para el desarrollo de la obra. Nuevamente, es como que había la necesidad de mostrar el castigo a los “malos” de la película.

Sin embargo, estos defectos no le ofuscan totalmente a la película que tiene, además,  una buena banda sonora musical. Y al hablar de sonidos, vale destacar el ruido constante de aguas corriendo como fondo musical. Una simbología interesante, pues una de los trabajos Daniel sí consigue llevar a cabo es la realización de la minga para llevar el agua al pueblo.


En síntesis, Un Titán en el Ring es una película profunda sobre las relaciones humanas y obtuvo la Mención Especial en el Festival de Biarritz – Cinémas et cultures d’ amérique latine, en la edición 12 del año de 2003. Obtuvo también el Premio Radio Exterior de España en el Festival de Cine Iberoamericano de Huelva, en la edición 29 del año de 2003. Participó también el Festival Mar del Plata (edición 18) y el Goteborg Film Festival (edición 26).

Patricio Miguel Trujillo Ortega.

Texto original de Patricio Miguel Trujillo Ortega. Prohibida su reproducción total o parcial en cualquier medio sin la autorización del autor.

4 de janeiro de 2012

Another Earth


Another Earth, 2011, Drama, Usa. 92 minutos.

Con: Brit Marling, William Mapother.

Dirección: Mike Cahill

Another Earth fue definitivamente una de las mejores películas del año 2011. Esta historia que ganó el Sundance 2011 (Alfred P. Sloan Prize; Special Jury Prize) nos lleva a una reflexión profunda sobre el ser humano y su destino; y lo hace de una forma simple y compleja, con un excelente trabajo fotográfico, con personajes complejos y enigmáticos, con una banda sonora original de alta calidad de Fallo on Your Sword y, principalmente, con una historia bien narrada.

Another Earth es una película independiente, bellísima, sensible e intimista.

Al principio, pensamos que se trata de una película de ciencia ficción, pues de la nada, aparece frente a la tierra un nuevo planeta al que se lo ve mucho más cerca que la luna y con un simple telescopio se pueden distinguir sus estructuras que son idénticas a las de tierra, incluso con sus ciudades. Es como si fuera un espejo de nostros.

Sin embargo, la historia toma otros rumbos y la aparición de la nueva tierra, a la que le llaman Tierra 2, no es más que un pretexto, como un disfraz, para entrar en lo más profundo del ser humano, en lo que cada uno hace de sí mismo; de esta forma, se nos presentan dos historias paralelas que sí llegan a encontrase en un lugar determinado.

La película tiene dos narradores. Por un lado, tenemos la visión de Rhoda que empieza contándonos cómo el cosmos le fascinaba y, más tarde, a lo largo de la historia, conocemos lo que sucede a través de lo que ella ve. Sus paseos cadenciados y silenciosos por las calles de la ciudad nos muestran lo que siente, lo que espera, lo que necesita; el otro narrador son los comentarios que hacen en la radio y en la televisión sobre el planeta misterioso.

Estos narradores se mezclan y se complementan.

Rhoda es una joven de veintiún años que acaba de salir de la cárcel. A los diecisiete, cuando era una joven que tenía mucho futuro en la astrofísica y que acaba de ser admitida en el MIT, tuvo un accidente de coche en el que murieron un niño de cinco años y su madre que estaba embarazada. El padre de esta familia se quedó en coma durante cuatro años.

Este accidente marca la vida de Rhoda para siempre. Ella salía de una fiesta y mientras dirigía su coche, escuchava en la radio el programa de Flava que anunciaba que los científicos “descubrieron otro planeta muy cerca de nosotros con condiciones en las que podría haber vida”. A este planeta se lo ve como un punto pequeño azul en el cielo y Rhoda, mientras maneja, intenta visualizarlo. Y al hacerlo, se choca contra el auto de la familia de John Burroughs.

La escena del accidente es impactante porque muestra que Rhoda, a pesar de que había bebido, se da cuenta de lo que hizo. La escena se divide en cinco partes que forman el preámbulo de lo que vendrá. Primera parte: Rhoda conduce su auto e intenta ver el planeta al mismo tiempo. La cámara se mueve bastante y la escena es obscura. (Esta característica del movimiento de la cámara –cámara en hombre- es constante en la película y aunque al principio puede incomodar, tiene sentido que el sea así porque es una forma de lenguaje, excelentemente bien utilizado en Another Earth) Segunda parte: en un semáforo en rojo, un auto está parado y la familia está jugando a rimar palabras. Se los ve alegres y la escena tiene un fondo amarillo. Tercera parte: la cámara se eleva y enfoca al auto desde muy alto; de repente, aparece a toda velocidad otro auto que lo choca con fuerza. Cuarta parte: Rhoda sale de su auto y se siente mal. Camina despacio y se aproxima al auto. Ve lo que ella ha provocado. Quinta parte: Rhoda se siente muy mal y camina hasta encontrar el cuerpo del niño que está muerto. Empieza a caminar lentamente mientras se oyen sirenas que se aproximan. Inmediatamente, a Rhoda la volvemos a ver en la celda número diez en la cárcel.

  
La escena de Rhoda en la cárcel es muy rápida y el espectador solo acompaña el momento en que ella va a salir de la prisión y mientras esto sucede, se escuchan los últimos informes sobre el planeta: “Según parece, el planeta es un reflejo del nuestro desde las estructuras continentales hasta los océanos. Incluso sus ciudades son las nuestras”. La fotografía de cuando Rhoda sale de la cárcel es hermosa. Hay una toma general de la prisión y luego se la ve a lo lejos. La imagen es azulada. Rhoda levanta la vida y ve el nuevo planeta y más allá, la luna.
Rhoda y su sentimiento de culpa
Rhoda va a vivir en la casa de sus padres y todo el tiempo permanece en silencio, pensativa. Su hermano le cuenta que una empresa, la United Space Ventures a organizado un concurso para escoger a las personas que harían el primer viaje civil a ese planeta. Para poder participar del viaje, hay que escribir quinientas palabras explicando el por qué el candidato piensa que debe ganar el viaje.

De esta forma, las dos historias paralelas se van mezclando. Rhoda no muestra ninguna alegría ni ninguna reacción frente a lo que sucede. Permanece triste, silenciosa y apenas responde a lo que le dicen sus padres. Inclusive no le hace caso a las provocaciones constantes de su hermano. Rhoda vive su propio mundo. Cuando su madre le lleva unas toallas a su habitación, la escena es muy bella. El perfil del rostro de la muchacha en un primer plano, a la izquierda, en silencio.

Las caminatas constantes de Rhoda
¿Qué le pasa a Rhoda? ¿Por qué ese silencio?

Cuando va a buscar trabajo descubrimos entonces lo que le sucede. Quieren ofrecerle un buen trabajo porque piensan que ella tiene una mente fantástica; sin embargo, ella quiere un trabajo que sea al aire libre, en el que tenga que usar las manos y, de preferencia, que no tenga que hablar mucho ni estar con mucha gente. Entonces le ofrecen un puesto de mantenimiento en el Bachilleraro West Haven, donde su labor diaria será lavar baños, limpiar paredes, pisos, paredes, etc.

Parece que Rhoda no quiere nada en la vida; no obstante, lo que a ella le sucede es que aún se siente culpable por el accidente y las consecuencias de éste. Rhoda aún no se ha perdonado y no sabe cómo hacerlo. Ella se aísla adrede, con el único objetivo de cargar su culpa sola. Es como que aún necesita tiempo y espacio para pensar en lo que ha hecho y en lo que podrá hacer y en lo que podría haber hecho. Parece que los cuatro años de prisión no fueron suficientes para pagar la culpa.

Mientras ella va al trabajo, escuchamos más informaciones sobre el nuevo planeta. Estas informaciones son como el eco de lo que le pasa a Rhoda. Y mientras oímos lo que dicen, Rhoda camina con las manos en los bolsillos, a paso lento y la imagen es bellísima. La cámara se distancia un poco y la vemos caminar, atrás de ella el mar, el cielo azul y blanco y al fondo, el nuevo planeta. El narrador nos dice, entre otras cosas: “Imagina que estás despierto y que luego despiertas. No sabes donde estás. No sabes si hay alguien más por ahí. ¿Qué sería lo primero que harías? Probablemente mirarías a tu alrededor y dirías: ¿Hola?. Quieres saber si estás solo. Aquí en la Tierra nos gustaría saberlo”.

Las reflexiones sobre el planeta nos llevan a pensar justamente en cómo nos sentimos y en cómo estamos en nuestro propio planeta. ¿Estamos solos? ¿Qué podemos hacer? ¿Vivimos nuestro propio mundo?

Esto es lo que le sucede a Rhoda. ¿Está sola o quiere estar sola? Si tuviera otra chance, ¿qué es lo que haría? Pero, ¿es que no tiene ya otra oportunidad?

Un día, al entrar a la sala de mantenimiento, escucha la radio que está encendida. Es el programa de Flava que recuerda que ese día es el aniversario del descubrimiento de la Tierra dos y les pregunta a los oyentes: “¿Recuerdan lo que hicieron esa noche...?”


Esta pregunta es clave para que Rhoda se encuentre con su pasado o, mejor dicho, para que intente perdonarse y seguir adelante.

Rhoda va esa noche al lugar del accidente. Como siempre, camina con las manos en los bolsillos, con lentitud y pensativa. Cuando un auto se acerca, ella se esconde y, más aún, cuando ve que un hombre se baja del vehículo y deja un robot de juguete al lado de un poste, en el lugar donde el hijo del músico falleció. Al ver la escena, Rhoda sufre y sin saber quién es el hombre, sabe el significado de lo que acaba de ver.

Cuando Rhoda descubre que John Burroughs había sobrevivido al accidente y que se acababa de despertar del coma, decide pedirle perdón por el accidente. Es justo lo que ella necesita para redimirse frente a ella misma; sin embargo, no es tan fácil como quisiera y, en un intento de auto punición, una noche camina por un lugar donde hay mucha nieve y se acuesta desnuda en el suelo. Es un intento desesperado por pagar su culpa. La escena es muy bella, toda en un ton azul oscuro. La música suave acompaña la escena mientras ella tiembla de frío y escuchamos su respiración sufrida. La cámara muestra su rostro agónico y enseguida la Tierra Dos.

Entonces, Rhoda decide participar en el concurso para ganar un pasaje que le lleve al nuevo planeta y el texto con el que trata de justificar el por qué ella piense que merece viajar, es un radiografía de lo que ella siente, de lo que ella cree de verdad que es. En el texto ella habla de los navegantes que viajaban cuando el hombre creía que la tierra era plana. Los primeros navegantes no eran los nobles sino los delincuentes. La tripulación de los aquellos navegantes era gente que “vivía al margen de la vida: locos, huérfanos, ex presidiarios, parias... Como yo. Como delincuente no soy candidata para casi nada. Pero quizás sí soy candidata para eso”.

Definitivamente, Rhoda está al margen de la sociedad. No porque ésta la haya excluido, si no porque ella misma lo está haciendo. No se quiere perdonarse o, simplemente, no sabe cómo hacerlo. El remordimiento y el dolor no la abandonan.

Vale la pena decir que este sentimiento de culpa ella lo manifiesta a través de sus trabajo, de la forma en que camina y mira al nuevo planeta. No comparte con nadie sus sentimientos. No se le oye un solo gemido, una sola queja. Nadie sabe lo que le sucede. ¿Qué es lo que ella busca, además del perdón? ¿El nuevo planeta es la posibilidad de rehacer su vida y de remediar los males que un día provocó?

Mientras ella escribe el texto del concurso, el espectador ve imágenes de lo que ella hace todos los días: trabajar siempre en silencio en la escuela, pensando, y sus paseos por la playa. Las imágenes son bellas.

Es importante también resaltar la presencia física de Rhoda. Durante toda la película, después que sale de la cárcel, ella está siempre con la misma ropa. No hay por parte de ella ningún deseo de presentarse de otra mejor. No obstante, esta forma de presentare físicamente es como un medio de caminar anónimamente, porque a pesar de su belleza física, no llama la atención de nadie. Tal vez es lo que quiere y lo que necesita. No busca la compasión de nadie y, por eso, es interesante cuando en una tienda se encuentra con un ex colega del bachillerato. Antes del encuentro, ella aparece escogiendo un producto alimenticio y se la ve por primera vez sonriendo. Cuando su ex compañero la reconoce y quiere saber a qué se dedica, ella lo dice sin pestañear, sin orgullo y sin pena que trabaja limpiando una escuela. Luego desiste de su compra y vuelve al sufrimiento de siempre.

Sin embargo, Rhoda encuentra un medio de salir adelante. Va a la casa del profesor para pedirle perdón, mas cono hacerlo, se presenta como la empleada de una empresa de limpieza que está haciendo una oferta de trabajar un día gratis. De esta forma, ella empieza a relacionarse con el músico, quien vive una gran decadencia. La casa de él está destruida, abandonada, sucia en su totalidad. John Burroughs ha salido del coma, pero no ha salido aún de la tristeza y depresión en la que vive al darse cuenta que perdió lo que le era más importante.

Rhoda vuelve a la casa del John varias veces y hace su trabajo en el mayor silencio. Este trabajo de limpieza no es solo como una forma de pedir perdón si no también como un medio de limpiarse por dentro; es además una forma de tratar de ayudar a quien ella le perjudicó, aunque esa no haya sido su intención.

La relación de Rhoda y John con el pasar de las semanas empieza a cambiar. Al principio es una mera relación friísima de trabajo; sin embargo, poco a poco ambos se van comunicando y estableciendo un lazo afectivo que podría ir más allá de la amistad; no obstante, debe llegar el momento en que Rhoda tendrá que decirle quién es ella. Y ese momento, la historia será otra.

Rhoda tendrá que decir quién es
En uno de los tantos paseos de Rhoda por las calles de la ciudad, hay una escena especial que tiene mucho significado para su destino y el de John. Mientras ella camina escuchamos los comentarios en off: “Sería muy difícil pensar ‘yo estoy Allá’. Y, ‘puedo ir a conocerme’ Y, ‘¿ese yo es mejor que este yo? ¿Puedo aprender del otro yo? ¿El otro yo ha cometido los mismos errores que yo? ¿O puedo sentarme a tener una conversación conmigo? ¿No sería algo interesante?’ La verdad es que hacemos esto todo el día, a diario. La gente no lo admite y no piensa mucho en ello, pero eso hace. A diario hablan en su mente. ¿Qué hace él? ¿Por qué hizo eso? ¿Qué pensó ella? ¿Dije lo correcto? En este caso, hay otro ‘tú’ por ahí

Le escena del paseo en que se escucha este comentario es bellísima fotográficamente: Rhoda camina por las calles y la cámara la acompaña como siempre, pero la escena es en tonos azules claros y vemos los comportamientos diversos de la gente: unos caminan solos, preocupados; otros, miran hacia arriba y van con muchos víveres. La cámara se mueve y Rhoda camina despacio, cabizbaja.

No obstante, la riqueza no es solo fotográfica. Lo fundamental es justamente lo que dice la voz: ¿Puedo ir a conocerme?.. La verdad es que hacemos esto todo el día, a diario. Es como que ese planeta misterioso que ha aparecido de la nada es la oportunidad para que el ser humano se encuentre consigo mismo. Por eso, uno de los méritos de la película es que la historia está centrada en dos personajes que necesitan hallarse urgentemente con ellos mismos si quieren continuar viviendo. No hay en la película ninguna referencia a cuestiones religiosas, políticas o militares en relación a la aparición del planeta y sus posibles significados, lo que hace que Another Earth sea una película de búsqueda auténtica, libre de esos prejuicios.

Another Earth es, sin lugar a dudas, una película fantástica, sensible que vale la pena verla una y otra vez. Es una lección de vida, de esperanza. Su narración es dinámica y una muestra de lo que es cine de calidad.

Texto original de Patricio Miguel Trujillo Ortega.

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